Work Experience da Mari

A cada dia que passa fico mais triste por estar indo embora. Daqui a umas duas semanas estarei indo embora de Salt Lake pra sempre.. How sad is that?

Eu tenho milhões de motivos pra não querer ir embora e outros milhões para querer voltar pro Brasil.. Mas como eu sei que a minha volta é uma certeza, a tristeza por estar indo embora daqui me aflige muito.. Hoje saí com as meninas do trabalho, as minhas preferidas: Rhea, Rose e Chandra! Sabe aquelas pessoas que você vai guardar pro resto da vida no fundo do coração? São elas! Sempre amigas, sempre querendo saber tudo sobre mim, sempre preocupadas com meu bem-estar.. O dia de hoje vai ficar guardado pra sempre na minha memória.. Hell, I'm gonna miss them!

Essa é a melhor e a pior parte dessa viagem.. Conhecer todas essas pessoas incríveis e depois perdê-las, talvez sem volta.. Existem milhões de coisas boas em fazer o Work Experience, mas você tem que estar preparado pro tamanho da perda que é o fim dessa experiência. A cidade com a qual você se acostumou, as pessoas com quem você mora, seus colegas de trabalho que fazem com que seu trabalho seja suportável, quase feliz, aqueles lugares que você mais gosta, uma vista que te fez perder o fôlego, o sol batendo contra a neve, o aviãozinho da Delta pousando em cima da sua cabeça, o canadense, o americano, a mexicana, a filipina, o chocolate quente sem igual, andar de ônibus sem reclamar.. Tanta coisa mínima, sabe? Mas sem esses detalhes mínimos nada disso, nada dessa viagem teria sido tão perfeito como foi.

Eu não me arrependo de nada do que aconteceu antes ou durante essa viagem. Cada detalhe, cada ganho, cada perda.. Tudo que passei nesses 3 meses me ensinaram coisas que algumas pessoas demoram a vida inteira para aprender.. Todo o sofrimento em comparação aos sorrisos foi insignificante.. Toda a preguiça de acordar cedo em comparação com as boas risadas no trabalho foi insignificante.. Toda a briga com os rommates em comparação com os bons momentos compartilhados foi insignificante.. Toda a pessoa ruim em comparação com as boas pessoas foi insignificante..

A gente é cego, surdo e mudo no que diz respeito ao lado ruim do Work Experience depois que ele acaba, e eu sei disso. É impossível lembrar das coisas ruins, dos perrengues, do aperto com dinheiro, do dia choroso, do stress dentro de casa.. É impossível lembrar disso quando seu coração se enche de carinho e boas lembranças desse tempo que passou tão rápido..

Então, você, futuro intercambista.. Saiba disso: esse programa pode ser uma dor-de-cabeça ou a melhor experiência da sua vida. Nada é perfeito, nem tudo são flores, viver sozinho em outro país é um enorme sofrimento e muitas pessoas deixarão de ter importância pra você quando você for embora. Mas o outro lado é perfeito, fantástico. Você nunca vai viver em nenhum outro lugar o que você vai viver nesse país.. Nem conhecer pessoas com tanto a te ensinar.. Saiba aproveitar cada minuto dessa aventura, sem se arrepender de nada, porque antes do que você possa imaginar.... It's over!

So, let's not make this a "Goodbye".. Let's make this a "See you soon!!", ok?

See you soon, guys!!

Miss ya and love ya!

..nessa viagem que tá acabando! :(

Lavar roupa demora.
Limpar a cozinha também.
Limpar o chão da loja também.
Eu faço o melhor cafè mocha da cidade.
Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Envolver-se emocionalmente antes de viajar é uma péssima idéia.
Continuar envolvida durante a viagem também é.
"Desenvolver-se" é pior ainda.
E envolver-se com outro no fim da viagem devia ser proibido.
Morar com muitos homens me deixa estressada e feliz por ser uma menininha.
Quando eles viram amigos demais, você vê como eles desrespeitam outras mulheres.
E isso faz com que eu me sinta uma merda.
Tem gente de péssima índole no mundo, inclusive dentro da minha casa.
Tem gente de excelente índole no mundo, inclusive dentro da minha casa.
As pessoas com quem trabalho são inesquecíveis.
Dormir em colchão de ar não é tão ruim assim.
Pagar o aluguel em dia é difícil.
Eu nunca vou aprender a cozinhar.
Algumas amizades são definitivamente pra sempre.
Outras nunca foram amizades e vão se desfazer quando eu colocar o pé pra fora do apartamento.
Brazilian girls are cute!
Cerveja em Salt Lake City sucks.
Eu gosto de morar sozinha. Sou bem mais responsável assim.
É solitário ficar sozinha em casa nos dias de folga.
Mórmons usam vestuários estranhos por castidade.
Bêbados me incomodam. Eu gosto de ser a vó da família.
Trabalhar 13 horas por dia de pé é possível.
Especialmente quando você pensa nos dólares.
Aliás, receber em dólar é outra coisa.
O problema é que gastar tudo é muito fácil.
Ah, eu amo Salt Lake City.
E eu não quero ir embora! :(

Os últimos dias dessa viagem podem ser maravilhosos ou frustrantes.. Eu passei pela fase frustrante no meu último Work Experience, quando a única coisa que queria era voltar pra casa.. Um mês que ia da casa para o trabalho, do trabalho para a casa, comendo pizza e doces e chorando sentada na cama de saudade.. Quando o dia de voltar chegou eu estava tão feliz e nervosa que tive até dor-de-barriga hahaha

Dessa vez eu tô aproveitando muito. Sorrindo muito. Abraçando as pessoas que trabalham comigo, pra já começar a matar a saudade. Abraçando as pessoas que moram comigo. Saindo, comendo besteira, conhecendo um pouco da cidade que ainda não conheci.. Enfim, querendo engolir cada pequeno pedaço de Salt Lake City pra nunca esquecer como ela é linda :)

Falta muito pouco tempo e eu já começo a ficar triste.. Aos poucos as pessoas começam a ir embora e a casa vai ficando mais silenciosa.. No fim, vai sobrar eu e mais dois.. Acho que vai ser a semana mais triste de todas, o espaço de ficar sem quase ninguém até poder finalmente abraçar minha irmã qdo ela chegar aqui!

Tô triste e feliz ao mesmo tempo. Quero que dure pra sempre, mas ao mesmo tempo quero que passe rápido.. É uma sensação muito estranha essa de querer ficar e de ir embora ao mesmo tempo.. Vontade de me cortar pela metade pra estar nos dois lugares ao mesmo tempo..

Eu lembro quando comecei esse blog que escrevi a respeito da escolha da cidade para onde você vai.. Que vc deveria se identificar, gostar das coisas nela, enfim, se sentir impelido a morar nela. Quando decidi vir pra Salt Lake, pensava que gostaria bastante da cidade, mas nunca dessa maneira desproporcional com que me apaixonei.

Toda vez que saio pra passear eu sempre encontro alguma coisa que me faz parar por alguns instantes de boca aberta admirando. Um detalhe de uma construção, uma família passeando toda empacotada na rua, o trax virando na University Boulevard em frente ao Royal Eatery, a Courthouse, a pista de Ice Skating do Gallivan Plaza, a neve se acumulando na frente de casa, o vento gelado pela manhã, as árvores sem folhas ao lado das árvores verdinhas, os aviões da Delta decolando logo acima da minha cabeça.. Tantas coisas..

Eu me sinto em casa. Tenho a minha casa, meus amigos (meus netinhos!), o caminho que faço todos os dias até o ponto de ônibus, a rotina de bater o cartão às 6:45 da manhã, minha lanchonete preferida.. Nunca me senti tão atraída por um lugar como me sinto por Salt Lake City.. Me apaixonei e a dor de ir embora já começa a apertar meu coração, pensando no dia 15/03 quando eu entrar no avião para Orlando e for a última vez que vou ver essas montanhas, o Capitol, a Temple Square, lááá de cima..

E o pior é que os dias tão passando cada vez mais rápido...

Morar fora não é apenas aprender uma nova lingua.
Não é apenas caminhar por ruas diferentes ou conhecer pessoas e culturas diversificadas.
Não é apenas o valor do dinheiro que muda.
Não é apenas trabalhar em algo que você nunca faria no seu país.
Morar fora não é só fazer amigos novos e colecionar fotos diferentes.
Não é apenas ter horários malucos e ver sua rotina se transformar diariamente.
Não é apenas comer comidas diferentes, pagar suas contas no vencimento, se matar para pagar o aluguel.
Não é apenas amar o novo, as mudanças e também sentir saudades de pessoas queridas e algumas coisas do seu país.
Não é apenas a distância.
Não são apenas as novidades.
Não é apenas uma nova vista ao abrir a janela.
Morar fora é amadurecer e ver um mundo de possibilidades a sua frente.
É perceber que o mundo está na sua cara e você pode sim, conhecê-lo inteiro.
É ver seus objetivos mudarem.
É mudar de idéia.
É colocar em prática.
É ter que mudar sua cabeça todos os dias.
É deixar de lado as coisas pequenas.
É saber tampar o seu ouvido.
É colocar toda a sua fé em prática.
É ter fé. É aceitar desafios constantes.
É se sentir na Terra do Nunca e não querer voltar.
É querer voltar e não conseguir se imaginar no mesmo lugar.
É conhecer pessoas com as quais você não consegue mais se imaginar sem.
Morar fora é sim um desafio.

Aqui nos EUA a febre do momento são os livros da Stephanie Meyer, a série Twilight. Eu, como boa devoradora de livros que sou, me rendi e acabei comprando os dois primeiros livros da série, Twilight e New Moon. As primeiras 600 páginas engoli em alguns dias e nesse momento já estou na metade do segundo livro. É definitivamente apaixonante. A série é, teoricamente, infantil - assim como era Harry Potter! Hahaha.. Mas toda pessoa que eu conheço, não importa a idade, já leu um dos livros ou viu o filme..

Uma frase do segundo livro me marcou muito, porque me lembra muito a fase que estou passando agora na minha vida..

"It's just that, I know you're unhappy a lot. And, maybe it doesn't help anything, but I wanted you to know that I'm always here. I won't ever let you down - I promise that you can always count on me. Wow, that does sound corny. But you know that, right? That I would never, ever hurt you?"

"Yeah, Jake, I know that. And I really do count on you, probably more that you know."

É..